A angústia é um sentimento que faz parte da condição humana e pode ser definida como uma sensação de desconforto, insegurança e apreensão diante de situações que não conseguimos controlar ou prever. Atualmente, vivemos em um mundo cada vez mais complexo e incerto, o que pode levar a um aumento da angústia nas pessoas.

A perspectiva psicanalítica oferece uma compreensão profunda sobre a angústia e os mecanismos psicológicos que a desencadeiam. Segundo a teoria psicanalítica, a angústia é uma emoção básica que surge diante da necessidade de lidar com situações novas e desconhecidas. Ela está associada a uma sensação de perda de controle e de segurança.

Freud descreveu a angústia como um estado de “inquietude difusa”, que pode ser desencadeado por diversos fatores, como a perda de um ente querido, a mudança de emprego, a incerteza sobre o futuro, entre outros. Ele também identificou dois tipos principais de angústia: a angústia realista e a angústia neurótica.

A angústia realista é aquela que surge diante de situações objetivamente ameaçadoras, como um acidente de carro ou um assalto. Já a angústia neurótica (atualmente nominado de ansiedade) é aquela que surge diante de situações que não representam uma ameaça real, mas que são interpretadas como tal pelo indivíduo, como falar em público ou enfrentar uma situação social desconfortável.

De acordo com a perspectiva psicanalítica, a angústia neurótica é resultado de conflitos internos não resolvidos, que geram ansiedade e insegurança. Esses conflitos podem estar relacionados a experiências traumáticas da infância, como a perda de um ente querido ou a separação dos pais, ou a padrões de comportamento aprendidos na família ou na sociedade.

Para lidar com a angústia, a psicanálise propõe um processo de autoconhecimento e reflexão, que permite ao indivíduo identificar os conflitos internos que estão na raiz da sua ansiedade e insegurança. Esse processo terapêutico pode envolver, além da escuta tradicional do paciente através da associação livre de ideias, a análise dos sonhos, dos lapsos de memória, os atos falhos, elementos que revelam os conteúdos inconscientes que estão interferindo na vida do indivíduo.

Além disso, a psicanálise propõe o fortalecimento do ego, ou seja, da capacidade do indivíduo de lidar com as demandas do mundo externo de forma equilibrada e saudável. Isso envolve o desenvolvimento da autoestima, da capacidade de adaptação e da tolerância à frustração, que são fundamentais para lidar com as incertezas e as adversidades da vida.

Em resumo, a perspectiva psicanalítica oferece uma compreensão profunda sobre a angústia e propõe um processo terapêutico que visa a identificação e a resolução dos conflitos internos que geram ansiedade e insegurança. O autoconhecimento e a reflexão são fundamentais para lidar com a angústia, pois permitem ao indivíduo compreender os mecanismos psicológicos que estão por trás do seu sofrimento.

Em última análise, a perspectiva psicanalítica nos ensina que a angústia é uma emoção humana fundamental e que pode ser compreendida e superada por meio do autoconhecimento e da reflexão. Ao lidar de forma saudável com a angústia, podemos desenvolver uma maior capacidade de adaptação e resiliência diante das incertezas e adversidades da vida.

Clayton Peixoto